O Arcadismo tinha por lema a frase latina Inutilia truncat ("cortar, suprimir as inutilidades"). Visava com isso cortar os exageros, o rebuscamento e a extravagância característicos do Barroco, retornando a um estilo literário mais simples, em que prevalecesse a objetividade do mundo burguês. Os modelos seguidos eram os clássicos greco-latinos e os renascentistas; a mitologia pagã foi retomada como elemento estético.
Inspirados no poeta latino Horácio, os árcades cultivavam o carpe diem, que consiste no princípio de viver o presente, "gozar o dia", pois o tempo corre célere, o fugere urbem ("fugir da cidade"), o abandono dos centros urbanos. Essa postura horaciana casava-se com a teoria do contemporâneo Rousseau acerca do "bom selvagem", ou seja, o ideal de se voltar para a natureza em busca de uma vida simples, bucólica, pastoril. Mas é preciso salientar que esse objetivo configurava apenas um estado de espírito, uma posição política e ideológica, uma vez que todos os árcades viviam em centros urbanos, onde - burgueses que eram - estavam seus interesses econômicos.
Havia, portanto, uma contradição entre a realidade do progresso urbano e o mundo bucólico por eles idealizado. Por isso se justifica falar em fingimento poético no Arcadismo, fato que transparece no uso dos pseudônimos pastoris. O urbano poeta Bocage assume o perfil do rústcio pastor Elmano Sadino;
Postado por : Icaro Silva
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