terça-feira, 22 de novembro de 2011

Arcadismo em Portugal


Ao contrário do resto da Europa (onde se vivia um forte sistema político absolutista) o Barroco português não se inicia em 1600. Portugal encontra-se nesta época em profunda crise política, econômica e de identidade social; provocada principalmente pela perda do trono para Felipe II de Espanha. A nobreza abandona as cidades, saindo para o campo, levando pequenas cortes consigo, desta forma tentando preservar a identidade sócio-cultural portuguesa. Fechados às influências de Espanha, encontram-se também fechados ao mundo. É nesta época que nasce a Arquitetura Chã.
O Barroco como estilo arquitetônico exige dinheiro que Portugal, após a perda do Brasil para os holandeses, não tinha. A economia não era sustentável porque grande parte da riqueza nacional baseava-se no ouro e nas pedras vindas do Brasil, com as quais se comprava todos os bens de consumo que não eram produzidos no país. Só no fim do século XVII a crise econômica do país melhora, remetendo, no entanto, para uma situação semelhante à do reinado de D. Manuel.

Na continuação da corrente absolutista vivida já no resto da Europa, D. Pedro II depõe o irmão D. Afonso VI, alegando-o incapaz de governar e de comandar o reino.


Arquitetura Barroca


A arquitetura Barroca em Portugal tem uma situação muito particular e uma periodização diferente do resto da Europa. É condicionada por diversos fatores políticos, artísticos e econômicos que originam várias fases e diferentes tipos de influências exteriores, resultando numa mistura original, freqüentemente mal compreendida por quem procura ver arte italiana, mas com formas e caráter próprios.
Inicia-se numa conjuntura complicada, com o esforço financeiro do reino canalizado para a guerra de independência, após 60 anos de reis espanhóis (D. Filipe I, II e III). Outro fator fundamental é a existência da arquitetura Jesuítica, também a chamada Arquitetura Chã. São edifícios basílicas de nave única, capela-mor profunda, naves laterais transformadas em capelas interligadas (pequenas portas de comunicação), interior sem decoração e exterior com portal janelas e muito simples. É um tipo de edifício muito prático, permitindo ser construído por todo o império com pequenas adaptações, e pronto a receber decoração quando se pensar seras da época e o fausto a que o reino chegou. A talha dourada assume características nacionais e posteriormente "joaninas" devido à importância e riqueza dos programas decorativos. A pintura, escultura, artes decorativas e azulejo também atravessam uma época de grande desenvolvimento.
O barroco na verdade não sente grande falta de edifícios porque permite transformar através da talha dourada, (pintura, azulejo, etc.) espaços áridos em aparatosos cenários decorativos. O mesmo se poderia aplicar aos exteriores. Permitem posteriormente aplicar decoração ou simplesmente construir o mesmo tipo de edifício adaptando a decoração ao gosto da época e do local. Prático e econômico.
O Grande Barroco
Após o fim da guerra de restauração da independência e depois da crise de sucessão entre D. Afonso VI e D. Pedro II, Portugal estava pronto para o grande barroco. Inicia-se de modo tímido, fugindo aos modelos maneirista, tentando animar e modernizar as novas construções, recorrendo à planta centrada e a decorações menos austeras, destacando-se a Igreja de Santa Engrácia em Lisboa, de João Nunes Tinoco e João Antunes. Santa Engrácia é um edifício imponente, de formas curvas e geométricas, de planta centrada, coroado por uma imponente cúpula (terminada apenas no século XX), decorado por mármores coloridos e impondo-se à cidade.
No reinado de D. João V o barroco vive uma época de esplendor e riqueza completamente novas em Portugal. Apesar de o terremoto de 1755 ter destruído muitos edifícios, o que chegou aos nossos dias ainda é impressionante. O Paço da Ribeira, a Capela real (destruídos no terremoto) e o Palácio Nacional de Mafra, são as principais obras do rei. O Aqueduto das Águas Livres pretende trazer para Lisboa água numa distancia de cerca de 18 quilômetros, merecendo destaque o destroços sobre o vale de Alcântara devido à monumentalidade dos seus arcos originais e imponência do conjunto. No entanto, um pouco por todo o país são visíveis as marcas da época e o fausto a que o reino chegou. A talha dourada assume características nacionais e posteriormente “joaninas” devido à importância e riqueza dos programas decorativos. A pintura, escultura, artes decorativas e azulejo também atravessam uma época de grande desenvolvimento.
Palácio de Mafra

O Palácio Nacional de Mafra é o mais internacional dos edifícios barrocos portugueses e, no seguimento da moda entre os monarcas europeus, reflete a arquitetura absolutista, iniciada no Palácio de Versalhes em França. Constituído por um palácio real, uma basílica e um convento, resulta de uma promessa feita pelo rei em relação à sua sucessão. Com projeto de João Frederico Ludovice (Johann Friedrich Ludwig), arquiteto alemão estabelecido em Portugal, inicia as obras em 1717 e termina em 1730. É um edifício imenso. Possui na fachada dois torreões, inspirados no desaparecido torreão do Paço da Ribeira, com a basílica ao centro e duas torres sineiras dominadas por uma imponente cúpula. Por trás fica o mosteiro de modo a que não seja visto da rua. O conjunto é visível do mar, funcionando como um marco territorial, e utilizado como residência de verão da corte. Sabe-se que o rei queria construir uma igreja ainda maior que o Vaticano, mas ao saber que foi necessário mais de um século mudou de ideias. No seu conjunto além da basílica destacam-se, ainda, a biblioteca os cinco órgãos da igreja e os dois carrilhões.
Norte de Portugal

No norte de Portugal as construções barrocas são numerosas. Com mais população e maiores recursos econômicos, o norte, nomeadamente as zonas do Porto e de Braga, assistiu a uma renovação arquitectónica, visível numerosa lista de igrejas conventos e palácios da aristocracia. A cidade do Porto (classificada patrimônio da humanidade pela UNESCO) é a cidade do barroco. Destaca-se a obra do muito produtivo Nicolau Nasoni, arquiteto italiano radicado em Portugal, e edifícios originais e de bom enquadramento cenográfico como a igreja e torre dos Clérigos, a galilé da Sé do Porto, Igreja da Misericórdia do Porto, Palácio de São João Novo, Palácio do Freixo, Paço Episcopal do Porto, Templo do Bom Jesus da Cruz em Barcelos e muitos outros.
Literatura barroca em Portugal
A literatura barroca portuguesa foi impressa principalmente em duas antologias: Fênix Renascida e Postilhão de Apolo, que reuniu autores como: D. Francisco Manuel de Melo, Jerônimo Baía, Soror Violante do Céu, António da Fonseca Soares (Frei António das Chagas), D. Tomás de Noronha, Diogo Camacho e António Barbosa Bacelar, Eusébio de Matos, Bernardo Vieira Ravasco, Francisco Rodrigues Lobo e D. Francisco Xavier de Meneses, entre outros. Além desses poetas, destaca-se igualmente o padre Antônio Vieira, que participa tanto da história da literatura portuguesa quanto da literatura brasileira escritora sóror Mariana Alcoforado. 
Postado por : Pollyanna Oliveira

Um comentário:

  1. conteúdo sobre o barroco, inadequado para um blog que fale sobre o Arcadismo.
    Eliade

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